“Sei também”, disse Cândido, ”que é preciso cultivar o nosso jardim.”
“Tem razão”, disse Pangloss. ”Porque quando o homem foi colocado no jardim do Édem, foi ai posto ut operaretur eum, para nele trabalhar. O que prova que o homem não nasceu para o repouso”.
“Trabalhemos sem discorrer,” disse Martinho. ”É o único meio de tornar a vida suportável” (...)
...... “Tudo isso é muito bem dito”, respondeu Cândido, ‘mas vamos cultivar nosso jardim”.

 

Estamos iniciando 2014 com muita determinação de trabalharmos pelos médicos brasileiros, que defendemos e representamos, segundo prerrogativas das leis, explícitas para os Sindicatos. Quero inicialmente, desejar que as festas de Natal, a comemoração do nascimento de Cristo, tenha renovado nos nossos corações os desejos de paz, concórdia, justiça, fraternidade, amizade e amor. Espero que junto aos nossos familiares e amigos estejamos todos bem, lutando por um mundo melhor, e nos realizemos plenamente, como pessoas e cidadãos. Que tiremos da vida, mesmo no curto espaço que a desfrutamos, o bem e o bom que ela possa nos dar.

Espero que as lutas de 2013, travadas pelo movimento sindical, e enfrentadas ao nosso lado por vossa prestimosa liderança, sejam para os médicos brasileiros sementes de bons frutos no correr deste ano. Que nossas expectativas de condições de trabalho dignas, remuneração justa, aprimoramento científico e saúde de qualidade para os brasileiros, possam avançar e se realizar.

Quero chamar a atenção para algumas coisas importantes que tem acontecido nos últimos anos. O movimento sindical tem crescido em responsabilidades e representatividade, daí seremos cada vez mais cobrados e exigidos na nossa missão de liderar os médicos brasileiros em suas lutas. Para isso precisamos nos preparar! Precisamos conhecer as leis e as prerrogativas de nossa representatividade. O voluntarismo e empirismo que sempre acompanharam as lideranças precisam ser completados pela preparação, pelo estudo, pelas leituras, pelos cursos, pelo conhecimento real de nossas atribuições e prerrogativas. Está nascendo um novo sindicalismo, onde o conhecimento deverá ser fonte da descoberta de oportunidades e do desenho de estratégias para alcançarmos nossos objetivos. Sinto que os médicos querem representantes aliados e defensores intransigentes de suas causas. Sendo assim, aparelhamentos partidários e interesses pessoais dos dirigentes serão rejeitados e combatidos pelos que representamos. Há também um claro desejo de influenciar, ser ouvido, participar dos médicos brasileiros, sendo necessário acolhermos e estimularmos novas lideranças, para nossas lutas. 

Um sindicato para se constituir e ser representativo precisa ter pelo menos 30% de sua base filiada. Esse será o nosso grande desafio daqui para frente. Como se justifica que em algumas situações tenhamos arrecadações da contribuição sindical, que mantêm a Federação Nacional dos Médicos (FENAM) e as nossas lutas, em níveis quase nulos ou muito abaixo desses valores. Por que os médicos não pagam a esses sindicatos? Falta representatividade? Falta liderança? Falta empenho? A FENAM vai disponibilizar sua Secretaria de Finanças e sua Tesouraria para ajudar a organizar o recebimento dessa arrecadação pelos sindicatos, de forma que os que precisarem dessa ajuda poderão solicitar. Atenderemos prontamente os que desejarem se organizar e crescer, até para poderem ser representativos. O Médico não se nega a pagar, ele não quer pagar a quem não trabalha e não o representa. Temos também a questão da contribuição social. Um Sindicato forte precisa de filiados, contribuindo financeiramente para as lutas e a assistência oferecida pelo mesmo. Mais uma vez disponibilizaremos a estrutura da FENAM para ajudar os nossos Sindicatos a se organizarem.

Temos para 2014, aprovadas junto com o orçamento geral da FENAM, algumas novidades que fortalecerão a nossa organização. Teremos cursos de formação sindical para os dirigentes, para nós prepararmos melhor para o nosso papel, para conhecermos melhor as leis, para cumprirmos plenamente nossas atribuições e fazermos um sindicalismo avançado. Teremos encontro com as redes sociais, para não só divulgarmos, mas para organizarmos, discutirmos e implementarmos ações em defesa da categoria. Teremos um fórum de direitos humanos, para caracterizar como violação a falta de condições de trabalho que enfrentamos no nosso dia a dia. Teremos um encontro das mulheres médicas do Brasil, para que possam nas suas especificidades terem direito ao exercício pleno do trabalho, sem discriminações salariais ou de qualquer natureza. Teremos campanhas para a nossa valorização e percorreremos todo o País, para levantarmos os médicos brasileiros, na busca de intensificar nossas lutas e defender nossas causas.

Tenho esperanças que 2014 nos trará importantes vitórias. Essa não é uma esperança vazia, é fruto do que vejo nas discussões dos médicos, nas cobranças de ação de suas lideranças, do melhor preparo de nossos dirigentes sindicais, de uma nova geração de líderes que vai surgindo, do crescimento do movimento sindical, do questionamento, da exigência, da crítica construtiva dirigida aos acomodados, que precisam se mexer para bem representar.

O Presidente da FENAM se dedicará, se desdobrará e não medirá esforços para estar ao lados dos Sindicatos, para que possam bem cumprir o seu papel! Aos Caros Presidentes e Diretores de Sindicatos, os agradecimentos pela ajuda e pelo apoio oferecido à nossa gestão e a certeza de que terei que fazer cada vez mais para estar à altura dos médicos brasileiros, os quais representamos. Conto com todos vocês para este ano que se descortina. Vamos cuidar do nosso Jardim.

 

Geraldo Ferreira

Presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAM)