O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí – SIMEPI e o Conselho Regional de Medicina – CRM, se reuniram na quinta-feira (03/10) com os médicos de Parnaíba. Durante o encontro foram discutidos os problemas enfrentados pela categoria no município; dentre eles, a situação dos médicos do Hospital Regional Dirceu Arcoverde – HEDA e a paralisação dos médicos municipais.

No dia seguinte, as entidades médicas realizaram uma visita ao HEDA e se reuniram com a diretora Clara Leal, que expôs a realidade em que se encontra o hospital.  Um dos principais pontos citados pela diretora foi a respeito de possíveis desvios de verbas, informações que foram noticiadas pela imprensa. “Até onde eu tive alcance com a analise de documentos, eu não encontrei nada que prove ou mostre que houve desvios de recursos, mas sim falhas administrativas causadas por dificuldades encontradas na gestão”, destacou Clara Leal.

Clara ainda explicou que o que existe é a falta de médicos e outros profissionais para se garantir o atendimento diário à população, situação que foi comprovada pelas entidades médicas.

“Nós encontramos médicos que estão praticamente morando aqui no hospital. Por exemplo, o pediatra cumpre a sua escala normal, mas ele é obrigado a trabalhar de forma extra para suprir a falta de outros pediatras nos outros dias da semana, o que muitas vezes aconteceu apenas com um acordo verbal entre médico e a direção do hospital”, pontuou Dra. Lúcia Santos, conselheira do CRM.

“Não existe improbidade nesse hospital, o que existem são contratos precários, que foram aceitos pelo gestor do órgão. Acima do procedimento administrativo está o direito à sobrevivência do paciente e qualquer declaração nesse sentido é leviana” destacou Dr. Emmanuel Fontes, presidente do CRM.

Além dos problemas administrativos, foram relatados e identificados problemas na estrutura do HEDA. “Falta foco na sala onde são realizados os partos normais, com isso temos muitas dificuldades”, declarou Yone Lima, técnica de enfermagem.“Temos uma sala de pós-parto com sete leitos que nunca foram utilizados por falta de estrutura” finalizou Luzimário Silva, obstetra.

O HEDA passa por uma auditoria e, após pedido do Ministério Público, a Polícia Federal determinou a abertura de inquérito para apurar denúncias de irregularidades no hospital.

As entidades médicas aguardam o fim do inquérito para que os culpados sejam apontados e responsabilizados por possíveis erros. As entidades também irão tomar medidas jurídicas sobre os fatos.