A diretoria da Federação Nacional dos Médicos está preocupada com os efeitos da retirada do auxílio moradia destinado aos médicos residentes, o que pode comprometer a formação médica. A supressão foi instituída pela Medida Provisória 521, publicada no último dia do Governo Lula, 31 de dezembro.    "Essa MP mudou o texto da lei original e é motivo de grande preocupação da FENAM. Entendemos ser desejável que o médico residente tenha alojamento e permaneça no seu lugar de treinamento, até por inerência da própria formação. Acreditamos ser este um assunto merecedor de um detalhamento com muito mais rigor e talvez a medida deva ser revista", alertou o presidente da FENAM, Cid Carvalhaes.    A Associação Nacional dos Médicos Residentes também quer que o texto seja revisado. De acordo com o presidente da entidade, Victor Lima, durante o grupo de trabalho instituído para decidir as reivindicações dos médicos residentes no período da greve, realizada em agosto do ano passado, nunca houve acordo entre o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde em relação a essa alteração. Conforme suas declarações, apenas havia consenso em relação ao reajuste da bolsa e a ampliação da licença maternidade, pautas que foram contempladas na MP.    O tema foi amplamente debatido durante a reunião da Comissão Nacional de Residência Médica, realizada nesta quarta-feira (12), no Ministério da Educação, em Brasília. O representante da FENAM, Jorge Eltz, também ressaltou que a entidade poderá dar encaminhamento ao Congresso com pedido para revisão e possível retirada do artigo.   Um dos representantes da Associação Médica Brasileira junto à Comissão Nacional de Residência Médica, José Bonamigo, acredita que as regras de concessão do direito à moradia deveriam ser instituídas a partir da lei antiga, que garantia o direito aos médicos.    "A base de negociação é a lei que afirma que  100% dos médicos residentes têm direito à moradia, e, a partir daí, pode se negociar condições para isso, porque sabemos que o sistema está muito sobrecarregado em relação aos custos, mas mudar essa lei, passar uma régua dizendo que os residentes só têm direito à alimentação e ao alojamento durante os plantões para depois negociar, para mim isso é uma manobra política", finalizou Bonamigo.