Governo estimulará ida de médicos a Norte e NE
O governo vai criar uma Força Nacional de Saúde para enviar médicos, enfermeiros e dentistas a pontos distantes do país. A medida será adotada para driblar a dificuldade de cidades, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, de recrutar profissionais, mesmo ofertando altos salários. O Ministério da Saúde estima que cerca de 500 municípios do país não têm médicos que residem na própria cidade. "Profissionais resistem em aceitar propostas de emprego por vários motivos, como o medo de que haja muita pressão política durante exercício da profissão", afirmou o secretário de Gestão do Trabalho e de Educação na Saúde, Francisco Campos. O secretário aponta também o receio de que, em locais distantes, a infraestrutura seja precária. "Mas o principal é o medo de ficar estagnado, sem condições de fazer reciclagem profissional", completou. Um grupo de trabalho formado pelo Ministério da Saúde em julho tem até o mês que vem para desenhar o formato final da carreira do SUS. A primeira reunião do grupo deve ocorrer hoje. As linhas gerais do projeto estão traçadas. Campos diz que profissionais serão contratados via seleção pública, por regime da CLT. A ideia é que haja uma rotatividade entre as cidades cadastradas, em sistema semelhante ao que ocorre com carreiras jurídicas. A periodicidade das transferências e os critérios para as remoções serão definidos pelo grupo de trabalho. "A intenção é criar uma carreira atrativa. Além de bons salários, profissionais teriam garantia, por exemplo, de participar de cursos de reciclagem." Os salários dos profissionais será pago pelo Ministério da Saúde, mas o dinheiro será descontado dos repasses que rotineiramente são feitos para municípios. Os salários ofertados atualmente, de acordo com Campos, chegam a R$ 20 mil. Sem especialização. Para a carreira de médico, não seria necessária a apresentação de uma especialização. "Médicos generalistas estão aptos a atender 85% dos casos que chegam à atenção básica", justificou Campos. O secretário afirma que o projeto vem sendo analisado há algum tempo. Mas, inicialmente, municípios se mostravam resistentes, por temer a perda da autonomia. "Não é essa a proposta. Só vamos atuar nos municípios interessados em participar do programa", disse. Campos não descarta, porém, a possibilidade de que o serviço seja ampliado para cidades interessadas em participar do programa. Nessa primeira etapa, foram selecionados municípios que, além de terem dificuldade em recrutar profissionais, apresentem taxas elevadas de mortalidade infantil e alta prevalência de algumas doenças crônicas. "A maior parte dos municípios está concentrada nas Regiões Norte e Nordeste." Depois de finalizado, o projeto será apresentado para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e para o Ministério do Planejamento.