O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (SIMEPI) há muito tempo alerta sobre o caos em que se encontra o serviço de saúde pública, tanto na capital como em todo o interior do Estado do Piauí. Nos deparamos com desde hospitais com estrutura física sucateada até a falta de insumos básicos, como também o número de médicos reduzidos nos serviços de urgência, emergência e nos ambulatórios de especialidades. Agora vivenciamos o horror de enfrentar uma pandemia com um serviço de saúde totalmente deficitário.

Antes de o vírus se instalar entre a população piauiense, o Sindicato oficiou o Governo do Estado, prefeituras da capital e interior sobre a necessidade de resguardar a vida dos médicos e dos outros profissionais de saúde. Chamamos atenção para o fato de que os médicos do grupo de risco e portadores de doenças crônicas deveriam ser afastados imediatamente do serviço, como também a necessidade de disponibilidade de todos os EPIs para os médicos que se encontrariam em atividade enfrentando o Covid-19.

No entanto, recebemos denúncias de médicos de todo o Estado que estavam sendo obrigados a trabalhar sem a proteção dos equipamentos individuais. O sindicato reafirma que todos os médicos estão prontos para minimizarem a perda da vida dos piauienses e enfrentar esse momento ao lado da população, excetuando, logicamente, aqueles que fazem parte do grupo de risco.

 

Indo contra à lógica da vida, quando o certo seria permanecerem isolados para se proteger do Covid-19, os profissionais de saúde fazem o contrário quando se expõem totalmente ao vírus para salvar a vida da população, mas nada justifica a exposição ao risco desnecessário. É inaceitável que médicos vão para a linha de frente dessa pandemia sem a proteção dos equipamentos individuais.

Para a médica e diretora do Sindicato dos Médicos, Lúcia Santos, os médicos não têm uma proteção extra pela profissão que exercem, pelo contrário, ao se exporem à pandemia, eles vão estar sujeitos à uma carga viral muito grande e por um longo tempo. Portanto, o risco destes adquirirem a doença, mesmo que não façam parte do grupo de risco, é muito maior.

“No Piauí, ainda não chegamos ao pico da doença e já vivemos um momento de grande apreensão pela falta desses EPIs. Esse fato não se justifica e é criminoso colocar os médicos para fazer atendimentos a pacientes nessa situação. Uma desorganização dessa grandeza não deve ser desculpada, pois vai ceifar a vida de muitos médicos, como aconteceu em outros países. Mais ainda, se um adoecer ou falecer, será um a menos para ajudar nessa luta. Precisamos que os gestores sejam consequentes com a vida humana”, finaliza Lúcia Santos, diretora do SIMEPI.