A defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e a reafirmação e resgate da reforma sanitária foram temas da audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo, nesta quinta-feira (17), à noite.

 

A falta de financiamento e a má gestão dos SUS foram apontadas como os maiores gargalos pelo presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), Otto Baptista.  “O médico está preocupado com o sub-financiamento e a má gestão no SUS. Não tem prevenção. Há um desmonte e sucateamento da rede nas últimas duas décadas. O que acontece hoje é a  “fartura, farta-tudo”, declarou.

 

O vereador Natalini (PV), que promoveu o debate, segue o mesmo raciocínio e também criticou a falta de investimentos. “O Brasil é um dos países que menos investe em termos de PIB na saúde pública, 3,5%. Os nossos vizinhos aqui da América Latina estão em 7%, 6%. Investimentos menos que a Nigéria. Não temos dinheiro. Isso é uma vergonha. Eu não quero ser o coveiro do SUS. Tem que ter mais investimentos”, concluiu.

 

O presidente do Sindicato das Santas Casas do Estado de São Paulo,  Edson Ferreira da Silva, alertou para a “asfixia” que as Santas Casas também estão vivendo. “Nós não podemos depender de quermesse e rifa. Precisamos de investimentos reais. Estamos em outra época. Trazer médico cubano não vai resolver o nosso problema”, destacou.

 

O secretário de Finanças da FENAM, Geraldo Ferreira, sugeriu um novo estudo sobre  alternativas de investimentos. Ele explicou que há dois tipos de financiamento da saúde no mundo: por impostos e seguros.  “Vivemos no Brasil com o tipo de financiamento por imposto. No interior de Natal, 95% da população depende do SUS, e não tem como a estrutura atual dar conta disso”, disse.

“Todos nós discutimos e apontamos soluções. O rombo no orçamento é grande, pois desde a década de 80 a participação do governo federal no financiamento do SUS tem diminuído”, alertou o deputado federal Sinval Malheiros (PV).

 

Participaram do evento aproximadamente 120 pessoas, entre médicos, professores, representantes de usuários, de entidades médicas e outras categorias profissionais. Também participaram do debate: o diretor de Saúde Pública da Associação Médica Brasileira e Conselheiro do Conselho Federal de Medicina, Jorge Curi, e o vereador Calvo (PMDB), entre outros.